terça-feira, 24 de maio de 2011

O retorno da dialética...

“O corte”: apontamentos para uma análise imanente


Paulo Massey
IFCE-Baturité
paulomassey@ifce.edu.br


Antes do filme, o aviso



A análise do cinema, tal como tem sido feita por aqueles que adotam o filme como recurso em sala de aula, é didática e esclarecedora, na medida em que o drama e os vários elementos que compõem a imagem servem como “pretexto” para a discussão baseada na análise sociológica, ilustrando seus temas clássicos. Essa forma de proceder tem seu valor e sua função. No entanto, é um modo de lidar com a obra de arte que se distingue daquilo que poderíamos chamar de “análise imanente”, condição primeira para uma crítica que se pretenda dialética. Numa análise imanente, as várias questões e discussões que podem ser desenvolvidas a partir da obra de arte refletem, em última instância, o conflito que perpassa todo reflexo estético da realidade – a relação forma/conteúdo. E justamente nessa relação está não apenas o fundamento para a análise acerca das formas narrativas e da natureza do reflexo estético-ideológico figurado no discurso cinematográfico, como quer a “crítica” de cinema, mas também a condição para ponderação quanto ao valor propriamente estético da obra. Isso distingue a crítica feita pela análise imanente (interior e dialética) daquela feita pela análise sociológica (exterior e normativa). Veja que o critério da análise e os elementos para o juízo correspondem à essência da própria obra de arte, já que ela é a necessidade de dizer algo (ética) por meio de uma forma (estética) adequada a uma linguagem (do cinema, teatro, literatura, arquitetura, pintura etc.).

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